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Mostrando postagens de abril, 2013

O Chuveiro

Não tinha o que fazer. Resolveu correr. Depois de um tempo, não tinha pra onde olhar, viu o mar. Voltou para casa. Não tinha o que vestir. Resolveu ficar em casa. Não tinha quem o escutasse. Ligou o rádio. Depois de um tempo, saiu. Voltou à tarde quando sua esposa já tinha chegado. Beijou, jantou e ligou o chuveiro. Sem se molhar, se olhou no espelho. Mãos, pés, calças, joelho, cueca, braços, camisa, perna... Jogados no chão. O vapor da água quente lembrava uma neblina, sem ver, se levantou, resolveu colocar a cabeça debaixo do chuveiro... Escorregou. Caiu com o queixo no piso molhado. Barulho! A esposa bate na porta. Ta tudo bem? Sem responder se levantou. Deixou a água bater em seu rosto. Abriu a boca e engoliu a água quente, como se fosse à cura. Ta tudo bem aí? Sentou no piso. A água agora batia em suas costas. Lembrou de onde vinha... De quanto a sua roupa estava suja. Pecado! Doía sua mente. Culpa. Ta tudo bem aí? Pegou a sabonete como se fosse um ritual. Esfregou o sabão no

A bucha

Ele leu certa vez que o banho bem tomado era o banho de bucha. E não podia ser de qualquer uma não. Tinha que ser vegetal. Confesso eu, que nunca vi tal planta e nunca ouvi dizer que algum fulano tem tal pé deste vegetal em casa. O fato é que tempos passaram e ele nunca ligou pra isso, até que certo dia, após uma peleja de futebol. Esqueceu-se do tampo, pois os relógios sempre trabalham mais rápidos aos domingos. Tinha um compromisso às 19h e não daria tempo de ir a casa se trocar. Então veio a proposta: Toma banho lá em casa, disse o tal amigo. De imediato ele aceitou. Como os dois tinham o mesmo porte físico, aconteceu a segundo proposta: veste uma roupa minha, ofereceu o tal amigo. De imediato aceitou. Entrou no banheiro e se despiu. Colocou as roupas em um cabide, peça por peça se espalhavam pelo chão. Ligou o chuveiro e reduziu a temperatura do máximo para o médio, meteu a cabeça na água, depois o corpo. Fechou a porta do box e viu uma pequena prateleira com sabonete e uma buch

Os olhos ardendo

Ontem meus olhos ficaram ardendo. Não sei se era a poluição, ou alguma outra coisa. Fui até a farmácia comprar colírio. Pensei comigo: “Faz um tempão que não compro colírios”. Quando me adentrei esqueci o que queria ali. Comecei a olhar algumas prateleiras com shampoos para os cabelos que me faltam, olhei também as fotos dos cabelos coloridos nas caixas de tintas, avistei pilhas e pilhas de vitaminas. Pensei: “estou precisando tomar isto”. Continuei a andar até que uma moça bem educada com um avental branco que me ofereceu uma cestinha. Aceitei pela educação. E continuei a olhar as prateleiras: aspirinas, somrisal, anador, advil, dipirona, resprin, bufferin, novalgina, benegripe. “Faz tempo que não tomo benegripe”, pensei novamente. Atravessei o segundo corredor rumo ao balcão, quando avistei um pote de gel para as mãos. Lembrei que o governo fez uma campanha tempos atrás sobre a importância de higienizar as mãos para evitar doenças e sempre ter um destes produtos consigo. “Vou deix