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A bucha

Ele leu certa vez que o banho bem tomado era o banho de bucha. E não podia ser de qualquer uma não. Tinha que ser vegetal. Confesso eu, que nunca vi tal planta e nunca ouvi dizer que algum fulano tem tal pé deste vegetal em casa. O fato é que tempos passaram e ele nunca ligou pra isso, até que certo dia, após uma peleja de futebol. Esqueceu-se do tampo, pois os relógios sempre trabalham mais rápidos aos domingos. Tinha um compromisso às 19h e não daria tempo de ir a casa se trocar. Então veio a proposta: Toma banho lá em casa, disse o tal amigo. De imediato ele aceitou. Como os dois tinham o mesmo porte físico, aconteceu a segundo proposta: veste uma roupa minha, ofereceu o tal amigo. De imediato aceitou. Entrou no banheiro e se despiu. Colocou as roupas em um cabide, peça por peça se espalhavam pelo chão. Ligou o chuveiro e reduziu a temperatura do máximo para o médio, meteu a cabeça na água, depois o corpo. Fechou a porta do box e viu uma pequena prateleira com sabonete e uma bucha vegetal. Nunca tinha utilizado o tal objeto. Encantado, passou sabão na bucha e começou a esfoliar o seu rosto, uma vez, duas vezes, três vezes e na quarta vez, olha bem para a bucha para ver o nível do sabão, e vem uma surpresa nada agradável. Eram dezenas de casquinhas de feijão, entre as entranhas do vegetal. Nunca mais tomou banho de bucha.

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