Ele leu certa vez que o banho bem
tomado era o banho de bucha. E não podia ser de qualquer uma não. Tinha que ser
vegetal. Confesso eu, que nunca vi tal planta e nunca ouvi dizer que algum
fulano tem tal pé deste vegetal em casa. O fato é que tempos passaram e ele
nunca ligou pra isso, até que certo dia, após uma peleja de futebol.
Esqueceu-se do tampo, pois os relógios sempre trabalham mais rápidos aos
domingos. Tinha um compromisso às 19h e não daria tempo de ir a casa se trocar.
Então veio a proposta: Toma banho lá em casa, disse o tal amigo. De imediato
ele aceitou. Como os dois tinham o mesmo porte físico, aconteceu a segundo
proposta: veste uma roupa minha, ofereceu o tal amigo. De imediato aceitou.
Entrou no banheiro e se despiu. Colocou as roupas em um cabide, peça por peça
se espalhavam pelo chão. Ligou o chuveiro e reduziu a temperatura do máximo
para o médio, meteu a cabeça na água, depois o corpo. Fechou a porta do box e
viu uma pequena prateleira com sabonete e uma bucha vegetal. Nunca tinha
utilizado o tal objeto. Encantado, passou sabão na bucha e começou a esfoliar o
seu rosto, uma vez, duas vezes, três vezes e na quarta vez, olha bem para a
bucha para ver o nível do sabão, e vem uma surpresa nada agradável. Eram
dezenas de casquinhas de feijão, entre as entranhas do vegetal. Nunca mais
tomou banho de bucha.
Não tinha o que fazer. Resolveu correr. Depois de um tempo, não tinha pra onde olhar, viu o mar. Voltou para casa. Não tinha o que vestir. Resolveu ficar em casa. Não tinha quem o escutasse. Ligou o rádio. Depois de um tempo, saiu. Voltou à tarde quando sua esposa já tinha chegado. Beijou, jantou e ligou o chuveiro. Sem se molhar, se olhou no espelho. Mãos, pés, calças, joelho, cueca, braços, camisa, perna... Jogados no chão. O vapor da água quente lembrava uma neblina, sem ver, se levantou, resolveu colocar a cabeça debaixo do chuveiro... Escorregou. Caiu com o queixo no piso molhado. Barulho! A esposa bate na porta. Ta tudo bem? Sem responder se levantou. Deixou a água bater em seu rosto. Abriu a boca e engoliu a água quente, como se fosse à cura. Ta tudo bem aí? Sentou no piso. A água agora batia em suas costas. Lembrou de onde vinha... De quanto a sua roupa estava suja. Pecado! Doía sua mente. Culpa. Ta tudo bem aí? Pegou a sabonete como se fosse um ritual. Esfregou o sabão no
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